Nas últimas décadas, as possibilidades comunicativas abertas com os
países de língua portuguesa acarretárom um aumento da exposiçom a textos
lusófonos por parte das pessoas galegas (Internet, ensino…). Este facto
foi determinante para alterar as nossas expetativas de expansom, já que
facilitou a compreensom dos nossos postulados nalguns setores da
sociedade. Mas também mudou as nossas prioridades e o velho debate entre
entre a norma da AGAL e a padrão, tam vivo nos anos 80 e 90, ficou
praticamente reduzido à mínima expressom, encostado polas necessidades
que nos impujo termos que falar mais para fora do que para dentro.
Porém, esta divergência nom desapareceu e continua a provocar
distorçons na colaboraçom entre reintegracionistas e na mensagem.
Resumindo muito estas distorçons, quanto a nós, obriga-nos a escolher as
pessoas e os organismos com que trabalhamos, fazendo equilíbrios
constantes para que a questom apriorística da norma nom limite a
colaboraçom. O problema ainda é maior em relaçom às pessoas que se
aproximam de nós, que som levadas a fazer umha escolha, muitas vezes
incómoda, e a ter feitas reflexons ou possuir conhecimentos a que nom
deveriam ser obrigadas logo à partida.
A candidatura ao Conselho da AGAL ‘Polo novo consenso’ acha que está
na hora de resolver o problema, da forma mais simples e satisfatória
para todos e todas. O objetivo seria otimizar ao máximo as divergências
normativas que ainda temos, aglutinando as duas tradiçons gráficas
existentes no nosso movimento numha única norma. Se fosse conseguido,
seriam os utentes a fazer as escolhas que achassem oportunas em cada
momento, dentro de um texto prescritivo o mais simplificado possível,
tendo em conta, por exemplo, o registo ou o público alvo. Com os anos,
cremos que acabariam por ser as necessidades do próprio movimento e das
pessoas que o componhem as que orientassem a direçom da variedade do
português da Galiza, o galego. Trata-se, afinal, de fazer da nossa
principal discrepáncia interna umha experiência padronizadora
coparticipada e motivante.
Porquê agora?
A aprovaçom da ILP Paz Andrade no Parlamento Galego por maioria
absoluta e a possibilidade de o português poder avançar no ensino
acentua a necessidade deste passo. No momento atual, temos mais
capacidade para obter vitórias políticas com o português padrom, mesmo
ensinado como língua estrangeira, do que com a norma da AGAL, e carece
de sentido, por exemplo, lançar a dúvida de se o que se está a ensinar
nas escolas fai parte ou nom da nossa proposta. Mas isso nom quer dizer
que as opçons morfológicas galegas defendidas pola norma da AGAL
perdessem valor para conseguir umha maior identificaçom dos galegos com
as nossas posturas, como prova o facto de estar mui viva no
associativismo. Do que se trata é de aproveitar o que de melhor tenhem
ambas, mantendo duplas opçons para aquelas variantes morfológicas
incontornáveis, mas apresentando-nos perante a sociedade como
utilizadores de umha única norma, inteiramente lusófona, mas
completamente respeitosa com os ritmos de socializaçom da nossa
proposta.
Como se faria?
Usando como modelo processos semelhantes que já resolvêrom
satisfatoriamente discrepáncias padronizadoras noutros ámbitos
lingüísticos, como no catalám (para o valenciano) e no nosso próprio (AO
90, acordo entre ILG e “mínimos”). Em termos técnicos trata-se de umha
decisom fácil, porque a prática demonstrou que a única distáncia que
nestes momentos se apresenta complicada de salvar é a constituída pola
terminaçom
–ão em palavras que no conjunto das falas galegas se pronunciam [-‘ãŋ] e [-‘õŋ] e a forma gráfica dos indefinidos femininos (
uma).
Estes traços som difíceis de incorporar para quem pretende divulgar
umha norma lusófona de carácter nacional galego, e difíceis de dispensar
para quem pretende operar com umha norma que nom limite a nossa
consideraçom de lusófonos. De resto, o til já foi incorporado, mas nom
difundido, pola norma da AGAL noutras terminaçons, e a prática também
demonstrou, a partir dos usos individuais, que outras marcas, quer
lusitanas quer galegas, nom pressuponhem obstáculos invencíveis para
aglutinar ambas as normas. Por exemplo:
pássaro,
trazer,
sim,
tens ou
vêm e mesmo
câmara gozam de um uso considerável entre os utentes da norma da AGAL e o mesmo se pode dizer de
dous,
cousa,
polo,
figem e
pujo entre as pessoas partidárias de adoptar o português padrom.
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