martes, 29 de setembro de 2015

Confluência das duas tradições gráficas que convivem no reintegracionismo

Lembramos as opiniões de quatro membros destacados da Comissom Lingüística da AGAL.

Na passada sexta-feira foi apresentada a candidatura ao Conselho da AGAL Polo Novo Consenso. O seu programa ainda nom foi divulgado publicamente, mas tem vocaçom colaborativa. Exemplo disto foi, precisamente, o início de um debate sobre a conveniência ou nom de aglutinar numha única norma flexível as duas tradições gráficas que convivem no reintegracionismo. Qual é o objetivo da proposta? É realmente necessário? Deve ser reaberto agora o debate? Lembramos a seguir as opiniões de quatro membros destacados da Comissom Lingüística da AGAL.

Eduardo S. Maragoto

Eduardo Sanches Maragoto, aliás candidato à presidência da AGAL, defende a pertinência da consulta aos sócios e sócias da AGAL. Como a divergência entre as diferentes sensibilidades reintegracionistas ainda nom foi ultrapassada, esta «continua a provocar distorçons na colaboraçom entre reintegracionistas e na mensagem», chegando-se mesmo a fazer «equilíbrios constantes para que a questom apriorística da norma nom limite a colaboraçom». Contudo, «o problema ainda é maior em relaçom às pessoas que se aproximam de nós, que som levadas a fazer umha escolha, muitas vezes incómoda, e a ter feitas reflexons ou possuir conhecimentos a que nom deveriam ser obrigadas logo à partida».
Porquê agora? Da candidatura Polo Novo Consenso acham que a aprovaçom da Lei Paz-Andrade por maioria absoluta do Parlamento e a possibilidade de o português poder avançar no ensino« acentua a necessidade deste passo», que consistiria numha única norma galega que fosse o suficientemente flexível como para acolher defensores da atual norma da AGAL e do português padrão. «Do que se trata é de aproveitar o que de melhor tenhem ambas, mantendo duplas opçons para aquelas variantes morfológicas incontornáveis, mas apresentando-nos perante a sociedade como utilizadores de umha única norma, inteiramente lusófona», conclui Maragoto.

Maurício Castro

Num artigo publicado ainda hoje, Maurício Castro Lopes defende a plena atualidade de um padrom galego próprio, «como em todo o mundo», salienta. Castro lembra que a AGAL tem sido desde os primeiros anos 80 o principal sustento científico de umha visom «sempre ligada a umha proposta integral que podemos denominar nacionalitária». Destarte, «sem compromissos partidaristas concretos, a construçom nacional tem tido no trabalho da AGAL umha das frentes a nível de recuperaçom da língua própria, fornecendo legitimidade e ferramentas práticas para a atividade de um crescente, embora minoritário, movimento social reintegracionista».
Porém, em sua opiniom, nos últimos anos «pareceria que parte da sua dirigência experimente umha deriva sempre presente nalguns setores do que genericamente podemos chamar “galeguismo”, mas também no reintegracionismo: umha desconexom progressiva e consciente de qualquer vínculo entre língua e naçom». Para Castro, trata-se de umha tendência «preocupante, ligada em ocasions a certo elitismo inteletual e desligada das dinámicas sociais mais ativistas».
Quanto à Lei Paz-Andrade, Castro acredita que «apoiar toda a presença possível do português na Galiza é, mais do que saudável, imprescindível». Porém, o caminho para isso «nom é renunciar à construçom de um padrom nacional próprio, inserido no ámbito lusófono, em pé de igualdade com o de Portugal e o do Brasil. Foi para isso que a AGAL nasceu, como parte desse segmento da sociedade galega que nom renuncia à sua construçom como comunidade nacional plena e emancipada».

Carlos Garrido

Igual que faz agora Eduardo Maragoto, o atual presidente da Comissom Lingüística, Carlos Garrido Rodrigues, também constata a existência «distorções» ou, nas suas próprias palavras, o perigo de transmiritr uma injusta ideia de «caos expressivo». Num sucedido artigo de começos deste verão, no qual se ultrapassou o centenar de comentários, Garrido reconheia a existência de duas tradições gráficas no seio do reintegracionismo, sendo umha delas a padrão portuguesa (ou «lusitana», segundo o autor) e a outra «a norma galega da AGAL, progressivamente estabelecida e regulada pola Comissom Lingüística da AGAL para codificar a variedade galega do galego-português».
Apesar da convivência de usos, produzem-se interferências ou «polimorfas tentativas individualmente improvisadas e ensaiadas que, em diferentes proporçons, combinam traços da norma lusitana e traços da norma galega da AGAL». Precisamente, «pola inconveniente (e injusta) ideia de caos expressivo reintegracionista que podem transmitir entre o público galego, é claro que se devem evitar estes modelos de galego individualmente improvisados, como recomenda a Comissom Lingüística da AGAL», assinalava Garrido no artigo, opiniom vinculada, ainda, a um parecer divulgado pola própria CL-AGAL semanas antes.
Antes de se abrir o debate a que convidam de Polo Novo Consenso, Garrido já manifestava a necessidade de «refletirmos na escrita da variedade galega do galego-português a distinçom que nela se regista entre as terminaçons –ám, –om e –ao». Em sua opiniom, é «um forçamento» esbatermos na escrita do galego esse traço morfológico mediante a utilizaçom constante da terminaçom «–ão». Contudo, mesmo que se obviar tal distinçom se se assim fosse julgado conveniente, trataria-se apenas de um «alvitre codificador».

Montero Santalha

Por sua parte, José-Martinho Montero Santalha, membro fundador da AGAL, integrante da Comissom Lingüística, ex-diretor da revista Agália e atual presidente da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP), explicava num outro artigo as origens da associaçom e da sua proposta codificadora para o galego. No seu texto, Montero Santalha assinalava a existência de algumhas tensões em determinadas áreas do trabalho associativo devido a umha interpretaçom restritiva dos estatutos da AGAL.
Após uma detalhadas exposiçom de motivos, e depois de lembrar também que a flexibilidade foi sempre um dos critérios que orientou a proposta reintegracionista da Associaçom Galega da Língua, Montero Santalha conclui que «do uso institucional e “oficial” da AGAL fazem parte tanto a «norma coraçom» (que deve entender-se como uma espécie de “normativa reintegracionista de mínimos”) como a «norma coração» [o padrão português]».

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