martes, 19 de xullo de 2016

Quem teme a liberdade normativa?

“Diferentes veces tratouse este asunto da ortografia galega. Lémbrome dos tempos da “Revista Gallega” dirixida por Salinas e feita na imprenta do meu pai, onde se publicaron os primeiros traballos de Historia de Galicia e mais de Xeografía da Nazón Galega escritos en galego, e na que colaboraron todol-os grandes valores da nosa terra que son hoxe venerados por nós.“(...) algo conseguíuse despois de reñidas loitas, mas o que se non conseguíu foi adoutar o J que “non entraba” nos létores. (...)“Alguns anos pasados e nos primeiros tempos das “Irmandades da Fala” en “A Nosa Terra”, voltouse tratar da custión ortográfica, sobre todo no asunto J: Nesta ocasión interviñen eu tamén. Po-lo artigo de Villar Ponte publicado hai poucos dias no PUEBLO GALLEGO viuse como houbo que deixar o J e voltar ao X.”1
O fragmento anterior, publicado em 1928 por Leandro Carré com o título “En col da ortografia Galega”, sintetiza na perfeição a nossa história negada. O galeguista, para além de fazer um balanço das renhidas lutas normativas desde o regionalismo até ao nacionalismo das Irmandades, propunha a seguir, a utilização do com o conhecido argumento “pedagógico” da dificuldade que teriam as crianças galegas com a ortografia etimológica, ao serem alfabetizadas em castelhano.
Este exemplo não é mais do que uma amostra, como tantas outras, da presença dos debates normativos desde os primórdios da história do galeguismo. De fato, como estudou a historiadora Anne-Marie Thiesse, durante a emergência das nações e da elaboração dos primeiros códigos ortográficos, o debate na Europa e também na Galiza oscilou entre “voltar às origens” ou imaginar uma normativa ex novo, diferente, no caso galego, do português.
Paradoxalmente, esse regresso às origens tinha como objetivo brindar ao galego um futuro para o seu passado. Talvez por isso, Johán Vicente Viqueira era conhecido entre os membros da sua de geração como “o galego futurista”. Este galeguista, que foi presidente das Irmandades da Fala da Corunha, juntamente com Antón Villar Ponte chegaram mesmo a introduzir a sua proposta etimológica nalguns números da “A Nosa Terra”. Não tinha sido a primeira vez que se tentava, nem seria a última. Apesar da rutura do 36 e das desconexões com a tradição anterior, a memória dos debates normativos chegou até nós. Uma bom exemplo disso é a saúde da que goza hoje em dia o reintegracionismo: uma proposta ortográfica convertida em movimento social sobre a qual foi questionado em 1990 o poeta Manuel Maria, homenageado este ano com o Dia das Letras Galegas:
¿Qué opinas do reintegracionismo?
Estou a favor. Non escribo en reintegrado, porque cando comenzou este movemento eu xa era vello, son algo preguizoso, e teño uns hábitos de escritura de trinta anos. Pero gustaríame que se utilizase a grafía do portugués, conservando o noso próprio idioma. A primeira razón na que me baso para dicir isto, é que a grafía portuguesa vaille mellor. En segundo lugar por diferenciar a ortografía galega da española. E por último, porque isto favorecería tremendamente que tódolos lusófonos puidesen ler ós escritores galegos, sen grandes dificultades. A ortografía paréceme unha ponte importante2.


A história, dizem, escreve-na os vencedores. Talvez por isso as palavras de Leandro Carré que abrem este artigo ou as de Manuel Maria que o fecham, não aparecem em nenhuma história oficial. Na nossa mão está construir, mas também exigir, uma história que nos inclua a todos e todas.

Tiago Peres Gonçalves

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