TORRE DE TREZENZONIO
Publicamos novo artigo da serie Torre de Trezenzonio, sobre a orixe da fronteira entre o asturiano e o galego.
Para muita gente, incluídos alguns arqueólogos e historiadores, as línguas de há cincocentos ou mil anos pareciam-se muito mais que agora; até o ponto de que os falantes não diferenciavam entre umas e outras. Segundo isto, na Idade Média os falantes de galego não eram conscientes de que a sua língua era diferente do castelão e muito menos do asturiano. Mas uma olhada ao mapa amosa que tem que estar equivocados: porque as fronteiras das línguas são as que havia na Idade Média.Fica claro no mapa que a fronteira entre o asturiano é o galego-português não coincide coa fronteira política. Por um lado podemos ver as zonas em gris do ocidente de Asturies e do Bierzo que são parte da área galego-portuguesa. Por outro lado, em verde escuro, a comarca de Miranda do Douro, de fala asturiana, que está no lado português da fronteira.
Mapa dos dialectos do asturiano
É importante sublinhar que asdiferencias entre o galego-português e o astur-leonés tem que ser anteriores ao século XII; que é cando se formou a dita fronteira política.
Neste século produziu-se aseparação de Portugal e atransferencia das terras entre Eo e Navia á diocese de Oviedo, mais aterra do Navia continuou a falar galego e o leonés de Miranda de Douro, em Portugal, segue a ser distinto do português. O que implica que na zona do Navia havia uma população que falava galego antes dessa data e na de Miranda do Douro outra que falava asturiano. Resultaria impossível explicar como essas populações chegaram a ocupar os seus territórios depois de se formar as fronteiras políticas atuais.
Asimesmo, as diferencias entre galego e português seguem a ser muito menores que entre galego e asturiano. Ainda despois da influencia uniformizadora do castelán sobre os dous últimos e a separaçom política do galego e português nos últimos séculos, ninguém pensa que galego e asturiano sejam a mesma língua. Por tanto, o asturiano tivo que se separar do galego-português muito antes de e separarem Galiza e Portugal. E, por tanto, muito antes do século XII.
E se a diferencia entre galego-português e asturiano é anterior ao século XII. De cando é?
A divisão do reino da Gallaecia entreSancho, Afonso e Garcia, no século anterior, não pode ser a orige dos diferentes idiomas porque dura menos de seis anos. Em todo caso, a divisão há refletir uma separação das línguas que já existia.
Para dar resposta precisaríamos umha época em que as duas áreas pertencessem a diferentes esferas políticas e culturais; e por um tempo longo, de vários centos de anos. O problema é que qualquer atlas histórico nos vai amosar a área galega e astur-leonesa como parte do mesmo reino: o reino cristão da Galaecia —ou Leão para a historiografia espanhola—, e anteriormente a província de Gallaecia no reino godo e ainda antes o reino suevo da Gallaecia. Algumas diferencias podem aparecer durante este período mas é mui difícil supor que a divisão em duas línguas diferentes derive de aí.
Para achar umha época em que as duas áreas pertenceram a administrações separadas hai que se remontar á divisão em três distritos, que os romanos chamavam conventos, da Gallaecia de época romana.
Mas a dita divisão em conventos não pode corresponder com divisão lingüística nenhuma. Em primeiro lugar porque os limites entre conventos não correspondem côas diferentes línguas. Isto é particularmente claro no Bierzo. Em segundo lugar, porque a época do Império tem que ser umha época em que o prestigio do latim vai superpondo-se ás diferenças entre as línguas locais e apagando-as. O mesmo que está a passar agora mesmo co espanhol. Ja que logo, a fronteira entre o galego e o asturiano ha de ser anterior á ocupação romana.
É, de feito, no período castrejo cando se constata umha diferencia arqueológica entre os conventos galaicos e o asturicense que deixa a área de Miranda do Douro dentro do território astur. Aparecem nesta área: fivelas mesetenhas, colares de prata, e outras influências da Meseta como os verracos. Na mesma época e na área bracarense acham-se fivelas de outro tipo (longo travessão) torques de ouro, trisceles, guerreiros em pedra, saunas etc como as que podemos ver nos castros ao norte do Minho. O mesmo reparto de objetos, situa a terra entre o Eo e o Navia firmemente no castrejo, mentres o resto de Asturies amosa influências da Meseta.
Logo, no período da cultura dos castros, que dura uns cinco ou seis séculos até a invasão dos romanos, a área galego-portuguesa e a asturiana tiveram influências políticas e culturais diferentes. Parece um candidato bastante bom para a orige das duas línguas. E bastante mais antigo do que se podia esperar.
Mas isto deixa-nos ainda com outra pergunta; que haverá que responder noutra ocasião: se o galego e o asturiano som línguas que procedem do latim. Como podem as suas diferencias remontar-se a uma época e que o latim ainda nom se implantara?
* Os dados arqueológicos estão sacados das p. 451 a 453 do livro: González Ruibal, Alfredo. 2006. “Galaicos: Poder Y Comunidad En El Noroeste De La Península Ibérica (1200 A.C. - 50 D.C.) Dous Tomos.”. Brigantium: Boletín do Museu Arqueolóxico e Histórico da Coruña números 18 e 19.
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