martes, 27 de outubro de 2015

AGAL elegeu um novo Conselho para construir novos consensos para a língua que assentem na Lei Paz-Andrade

Eduardo Maragoto foi eleito presidente da associacom o apoio dos 87% dos votos emitidos pola assembleia geral e torna-se sétimo presidente 'agálico'.

A Associaçom Galega da Língua (AGAL) elegeu no fim-de-semana os integrantes do novo Conselho (junta diretiva) que dirigirá a entidade reintegracionista os vindouros quatro anos. Apenas concorreu umha candidatura, encabeçada por Eduardo Sanches Maragoto e apresentada sob o lema «Polo Novo Consenso». Na assembleia geral mais participativa dos últimos anos, o novo Conselho foi eleito graças aos 87% dos votos emitidos na assembleia. Desde modo, Maragoto converte-se na sétima pessoa em assumir a Presidência da AGAL desde a sua constituiçom em 1981 e sucede no cargo Miguel Rodrigues Penas. No que di respeito do resto de responsabilidades no novo Conselho, a Vice-Presidência corresponde a Carlos Quiroga, a Secretaria a Eliseu Mera, a Tesouraria a José Calleja e as vogalias a Susana Sánchez Arins, Jon Amil, Ricardo Gil e Xico Bugueiro.

Renovaçom, mas continuidade

Devido à limitaçom de mandatos que estabelecem os estatutos, nom formárom parte desta candidatura pessoas que nos últimos seis anos já integráram o Conselho, caso dos anteriores presidentes, Miguel R. Penas e Valentim Fagim, bem como o vogal Gerardo Uz. Produz-se, portanto, umha grande renovaçom à frente do órgão diretor da associaçom, em que apenas repetem duas pessoas (Maragoto e Bugueiro).
Apesar da mudança de pessoas, Penas deixou claro no começo da assembleia geral que a candidatura de Eduardo Maragoto era a «candidatura continuadora» do Conselho presidido por ele, que por sua vez era «candidatura continuadora» do Conselho que presidira Valentim Fagim. O presidente sainte afirmou que nos últimos seis anos —desde 2009— se tem dado umha mudança «substancial» no que tem a ver com a perceçom da língua e julgou que a atividade da AGAL contribuiu a que isto tenha acontecido.
Em sua opiniom, agora mesmo estamos num momento no qual «parece necessário variar os paradigmas sobre os quais assentou o discurso lingüístico na Galiza nas últimas três décadas». De umha parte, há umha «nova perceçom quanto ao relacionamento que se deve ter com as variantes internacionais do galego». Doutra, a necessidade, cada vez mais geral, «de construir um novo discurso para o galego; de construir novos consensos», que do seu ponto de vista nom poderám ser sólidos se nom se realizam a partir deste relacionamento estreito com o que internacionalmente é conhecido como português.
Penas findou a sua intervençom assinalando que a AGAL e o conjunto do movimento reintegracionista contribuírom a que todas estas mudanças acontecessem. Assegurou que agora «cumpre preparar-se para o futuro e continuar a construir o que deve ser o novo consenso», a partir de um lugar comum: o português tem que ter um espaço na sociedade galega, quer como língua estrangeira, quer sentido como variante da língua própria. É por isto, salientou, que o programa que apresenta a candidatura de Eduardo Sanches Maragoto procura preparar-se para este futuro e encontrar respostas e ferramentas que nos ajudem a chegar preparados, como movimento, a este novo consenso.

Objetivos do novo Conselho

Na linha do anunciado há umha semana no PGL,  o novo presidente da AGAL, Eduardo Maragoto anunciou à assembleia os objetivos para o próximo mandato. Fundamentalmente, trabalhar para construir novos consensos ao redor da língua, deverám assentar na Lei Paz-Andrade (LPA) e, portanto, ultrapassar o vigente Plano Geral de Normalizaçom da Língua Galega (PGNLG, 2004), o qual nem sequer foi desenvolvido e que é «nulo» da perspetiva reintegracionista, pois «nom inclui umha só mençom à Lusofonia».
Quanto à LPA, o novo Conselho criará umha área específica cujo labor será estruturado em quatro eixos: ensino, conhecimento mútuo Galiza-Lusofonia, trocas de ámbito audiovisual e outros. No que diz respeito do ensino, será criada umha área para acompanhar e promover a introduçom do português em cada estabelecimento de ensino, serám criadas unidades didáticas de Português Língua Estrangeira paras as aulas de Galego e comentará-se a constituiçom de um coletivo de professores e professoras de prática reintegracionista, entre outras iniciativas. Como propostas para o conhecimento mútuo Galiza-Lusofonia, as mais destacadas som o aproveitamento das possibilidades da colaboraçom com institiuções aquém e além Minho, continuará a colaboraçom com Cultura que Une e disponibilizarám-se em linha e gratuitamente obras literárias em galego-português. Já no que atinge às trocas de ámbito audiovisual, será centrada em fomentar a colaboraçom entre a CRTVG e a RTP. Outras iniciativas por volta da LPA incluem a constituiçom de um Observatório pró-ativo da Lei Paz-Andrade e promover um Plano Diretor da Língua assente na LPA e que ultrapasse o vigente PGNLG.
No programa da candidatura também se recolhe como objetivo trabalhar a vinculaçom do reintegracionismo e a identidade galega terá o foco no audiovisual e as redes sociais. Fará-se umha campanha para promover a identificaçom dos diferentes dialetos galegos com o conjunto do português no mundo, intensificarám-se parcerias com meios de comunicaçom e outras associações, será criado um ‘consultório lingüístico’ no Twitter, trabalhará-se para desenvolver novas ferramentas lingüísticas no ámbito informático e divulgará-se terminologia lingüística para áreas aonde o galego vivo ou oficialista nom chegam.
Finalmente, o terceiro grande ponto do programa e explicado alargadamente na assembleia será elaborar umha proposta de confluência normativa dentro de umha única norma flexível das duas tradições gráficas que convivem no reintegracionismo moderno. Maragoto abrirá um processo de diálogo com a Comissom Lingüística para possibilitar a implementaçom do mandato assemblear deste sábado. Neste processo serám contactados também outros coletivos reintegracionistas em reuniões presenciais, «mas sem ânimo de interferir nas decisões que os mesmos tomarem», aclarou o presidente da AGAL.

Jantar de convívio

Como já é tradiçom, depois da assembleia decorreu um jantar de convívio. Nesta ocasiom, um céntrico restaurante compostelano foi o ponto de encontro de mais de trinta sócios e sócias de toda a Galiza que aproveitárom a ocasiom para comentar o processo eleitoral agálico —e nom só— e os objetivos para a associaçom nos próximos tempos.

Perfil do novo presidente

Eduardo Sanches Maragoto (Barqueiro, Ortegal; 1976) morou desde os três anos morou na freguesia de Feás (Carinho). Estudou Filologia Portuguesa em Compostela, cidade à qual chegou em 1994 e onde participou na fundaçom do Movimento de Defesa da Língua (MDL) através da Assembleia Reintegracionista Bonaval. Depois de morar um ano em Portugal, voltou a Compostela em 1998, envolvendo-se no sindicalismo estudantil. Entre 2001 e 2006 trabalhou na Escola Oficial de Idiomas (EOI) de Valência, onde participou na constituiçom de Veu Pròpria (associaçom de novos e novas falantes de catalám) e da plataforma Nunca Mais.
O novo presidente leva vinculado à AGAL quase duas décadas e mesmo seu pai foi já sócio desta entidade. Contodo, até há poucos anos a sua militância estivo mormente centrada noutros âmbitos do movimento reintegracionista e além dos referidos MDL e Bonaval cabe citar o Novas da Galiza e a Gentalha do Pichel. Ainda, é co-autor do Manual Galego de Língua e Estilo e dos documentários Entre Línguas e Em Companhia da Morte.
Maragoto entrou no Conselho da AGAL em 2012 sob a presidência de Miguel Penas, como vogal e responsável da área audiovisual da associaçom. Na atualidade trabalha como professor de português na Escola Oficial de Idiomas de Compostela.

 


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