mércores, 23 de novembro de 2016

Poder e Língua

O poder é por definição a capacidade de influir no comportamento doutros para obter deles aquilo que se desejar. Ainda que para muita gente o discurso sobre a origem, causas, relações e consequências do poder é muito intimidatório e preferem negligenciá-lo através da simples negação dele, o certo é que é preciso reconhecer que em maior ou menor medida todos estamos inseridos e/ou padecemos diferentes sistemas, estruturas e formas de poder. Portanto, parece conveniente aprofundar algo nas suas bases, princípios e funcionamento,  mesmo que for para os combater.
Assim, nessa linha e segundo a psicóloga Nicole Lipkin dentro das organizações -e a sociedade é uma organização-,  haveria sete fontes de poder [1], que ela enumera e descreve da maneira a seguir:
1.- O poder legítimo: este poder deriva da posição ou rol que desenvolve cada pessoa dentro do sistema ou organização em que esteja inserida e podia ser chamado, com maior claridade, poder hierárquico. As outras pessoas cumprem com o que lhes é solicitado porque reconhecem a legitimidade da posição, tanto se gostam como se discordam do que lhes for solicitado realizar.
2.- O poder de recompensa: é aquele que tem a ver com a capacidade de garantir uma recompensa ou retribuição, como um aumento de salário ou um destino laboral apetecível. O poder de recompensa acompanha habitualmente ao poder legítimo ou hierárquico e é mais poderoso e efetivo quanto mais escassa for a retribuição oferecida.
3.- O poder coercivo: é a capacidade de expulsar ou punir alguém por não ter cumprido com o solicitado. O poder coercivo obra amiúde mediante o medo e pode obrigar as pessoas a fazer cousas que de maneira normal não realizariam. O exemplo mais estremo disto são as ditaduras.
4.- O poder do especialista: provém das habilidades e o conhecimento de cada indivíduo ou organização, que faz com que essa pessoa ou organização sejam necessárias para realizar ou melhorar alguma atividade ou ação.
5.- O poder de referência: também denominado carisma, deriva da habilidade de ganhar a admiração, atrair e manter a atenção e o seguimento doutros. E a maneira em que outra pessoa que é admirada pode influir ou modificar o nosso comportamento por imitação ou por seguir o que aquela pessoa ou grupo defende e deriva das características de cada pessoa ou organização e a maneira e o grau em que os respeitamos e gostaríamos ser como eles.
6.- O poder sobre a informação: procede da capacidade de aceder, gerir e regular a informação. Este é todavia o poder mais efémero de todos: uma vez que a informação é partilhada e divulgada, o poder que deriva dela esvai-se.
7.- O poder de conexão ou relação: finalmente, este tem a ver com a capacidade de aceder às pessoas ou grupos que dispõem de qualquer um outro dos poderes  resenhados anteriormente.
A modo de classificação, as três primeiras fontes de poder viriam dadas pola posição hierárquica dentro da organização, empresa ou sociedade, entanto que a quarta e a quinta seriam atributos pessoais ou específicos  de cada indivíduo ou organização. Já as duas últimas teriam origem tanto na posição hierárquica, quanto nas características específicas de cada quem.
A Língua não é em absoluto alheia a isto, quer como instrumento de poder, quer como consequência  do poder exercido por alguém sobre outrem. De facto, todas as línguas faladas no passado, agora e no futuro no mundo são o resultado dos sucessivos equilíbrios de poder que se têm ido e vão sucedendo ininterrompidamente e em todas as escalas da vida : da sala de estar da casa ao conselho de administração de empresas ou os grandes organismos supranacionais.
Pois bem, mesmo sabendo que existem também outras classificações alternativas propostas sobre as fontes de poder [2], era bom sabermos de quais desses poderes descritos por Lipkin dispomos já, de quais deles podemos e queremos dispor e qual a via para os conseguir e de quais desses que estejam a ser aplicados sobre nós quereríamos nos subtrair e qual a maneira de o fazer.

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