O poder é por definição a capacidade de influir no comportamento 
doutros para obter deles aquilo que se desejar. Ainda que para muita 
gente o discurso sobre a origem, causas, relações e consequências do 
poder é muito intimidatório e preferem negligenciá-lo através da simples
 negação dele, o certo é que é preciso reconhecer que em maior ou menor 
medida todos estamos inseridos e/ou padecemos diferentes sistemas, 
estruturas e formas de poder. Portanto, parece conveniente aprofundar 
algo nas suas bases, princípios e funcionamento,  mesmo que for para os 
combater.
Assim, nessa linha e segundo a psicóloga Nicole Lipkin dentro das 
organizações -e a sociedade é uma organização-,  haveria sete fontes de 
poder [1], que ela enumera e descreve da maneira a seguir:
1.- O poder legítimo: este poder deriva da posição ou rol que 
desenvolve cada pessoa dentro do sistema ou organização em que esteja 
inserida e podia ser chamado, com maior claridade, poder hierárquico. As
 outras pessoas cumprem com o que lhes é solicitado porque reconhecem a 
legitimidade da posição, tanto se gostam como se discordam do que lhes 
for solicitado realizar.
2.- O poder de recompensa: é aquele que tem a ver com a 
capacidade de garantir uma recompensa ou retribuição, como um aumento de
 salário ou um destino laboral apetecível. O poder de recompensa 
acompanha habitualmente ao poder legítimo ou hierárquico e é mais 
poderoso e efetivo quanto mais escassa for a retribuição oferecida.
3.- O poder coercivo: é a capacidade de expulsar ou punir 
alguém por não ter cumprido com o solicitado. O poder coercivo obra 
amiúde mediante o medo e pode obrigar as pessoas a fazer cousas que de 
maneira normal não realizariam. O exemplo mais estremo disto são as 
ditaduras.
4.- O poder do especialista: provém das habilidades e o 
conhecimento de cada indivíduo ou organização, que faz com que essa 
pessoa ou organização sejam necessárias para realizar ou melhorar alguma
 atividade ou ação.
5.- O poder de referência: também denominado carisma, deriva 
da habilidade de ganhar a admiração, atrair e manter a atenção e o 
seguimento doutros. E a maneira em que outra pessoa que é admirada pode 
influir ou modificar o nosso comportamento por imitação ou por seguir o 
que aquela pessoa ou grupo defende e deriva das características de cada 
pessoa ou organização e a maneira e o grau em que os respeitamos e 
gostaríamos ser como eles.
6.- O poder sobre a informação: procede da capacidade de 
aceder, gerir e regular a informação. Este é todavia o poder mais 
efémero de todos: uma vez que a informação é partilhada e divulgada, o 
poder que deriva dela esvai-se.
7.- O poder de conexão ou relação: finalmente, este tem a ver 
com a capacidade de aceder às pessoas ou grupos que dispõem de qualquer 
um outro dos poderes  resenhados anteriormente.
A modo de classificação, as três primeiras fontes de poder viriam 
dadas pola posição hierárquica dentro da organização, empresa ou 
sociedade, entanto que a quarta e a quinta seriam atributos pessoais ou 
específicos  de cada indivíduo ou organização. Já as duas últimas teriam
 origem tanto na posição hierárquica, quanto nas características 
específicas de cada quem.
A Língua não é em absoluto alheia a isto, quer como instrumento de 
poder, quer como consequência  do poder exercido por alguém sobre 
outrem. De facto, todas as línguas faladas no passado, agora e no futuro
 no mundo são o resultado dos sucessivos equilíbrios de poder que se têm
 ido e vão sucedendo ininterrompidamente e em todas as escalas da vida :
 da sala de estar da casa ao conselho de administração de empresas ou os
 grandes organismos supranacionais.
Pois bem, mesmo sabendo que existem também outras classificações 
alternativas propostas sobre as fontes de poder [2], era bom sabermos de
 quais desses poderes descritos por Lipkin dispomos já, de quais deles 
podemos e queremos dispor e qual a via para os conseguir e de quais 
desses que estejam a ser aplicados sobre nós quereríamos nos subtrair e 
qual a maneira de o fazer.
 
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