luns, 8 de febreiro de 2016

Presença da Galiza em Goa

Desde o dia 22 de janeiro, e até 22 de fevereiro próximo, está a decorrer em Pangim, capital do Estado indiano de Goa, o 2.º Festival da Lusofonia, organizado pela Sociedade Lusófona de Goa, depois do grande sucesso que teve a 1ª edição de 2015.

Para participar no ato de abertura do Festival, e pronunciar umas palavras sobre a Galiza, a Nossa Terra, inaugurando uma exposição bibliográfica, fotográfica e discográfica dedicada à terra onde nasceu a língua portuguesa, desloquei-me de Santiniketon, a «Morada da Paz» tagoreana, no coração da Bengala indiana, onde, depois de reformar-me, moro cada ano os seis meses de outubro a abril, até Goa, viajando no avião da companhia «Índigo» do aeroporto de Calcutá ao «Vasco da Gama» goês, no passado dia 21 de janeiro. Por volta das 2 da tarde cheguei a terras goesas, que banha o Mar Arábigo, muito similares às nossas terras galaicas, agás no que se refere à temperatura e vegetação, tropical em Goa e oceânica na Galiza. No dia 26, também em avião da mesma companhia, em dia feriado, por ser em toda a Índia o «Dia da República», voltei para Santiniketon, via Calcutá (de nome oficial Kolkata), onde agora me encontro. Depois de desfrutar muitíssimo do radiante sol goês, das suas lindas praias, do seu mar e das suas temperadas águas, da requintada comida goesa, com grande influência portuguesa, na qual os produtos do mar (peixes e mariscos variados) são fundamentais, mas, muito especialmente, de poder exprimir-me em muitos lugares – nomeadamente no bairro de Fontainhas (sic) da capital goesa, e em Margão, Curtorim e Mapuçá – na minha língua internacional. Em Goa é onde mais te podes dar conta da asneira que é dizer que galego e português são duas línguas diferentes, como, infelizmente, defendem desde há muito tempo os «isolacionistas», que nos impuseram a desgraçada norma ortográfica chamada «oficial», por diploma de 1983, sem debate prévio algum.

MOSTRA SOBRE A GALIZA

Instalada na Biblioteca Central de Goa, um moderníssimo prédio não há muitos anos inaugurado, que tem um imenso andar monográfico dedicada à cultura portuguesa, e que não tem nada que invejar a qualquer outra biblioteca europeia (estou seguro que na mesma Índia é a melhor biblioteca de toda a República Federal indiana), instalou-se numa ampla sala uma exposição bibliográfica e fotográfica dedicada à Galiza. Para a mesma, e como doação, foram enviados da Galiza vários lotes de livros editados pela AGAL, a AGLP e a Fundaçom Meendinho.
Na exposição figuram também livros da autoria de Adela Figueroa Panisse e da Adega, e vários doados por mim que tinha em Santiniketon: CDs de música popular galega editados por Ouvirmos, uma bandeira galega, um álbum de 40 fotos de vários lugares da Galiza (praias, monumentos, cidades, grupos folclóricos e comidas típicas), vinte painéis fotográficos com paisagens, praias, cidades importantes, monumentos, gastronomia, artes populares, castros, igrejas e dólmens, a primeira edição em galego e bengali de uma antologia das Cousas da Vida de Castelão, editada em Calcutá, uma monografia de Ir Indo sobre Castelão e vários guias ilustrados sobre a Galiza.
No ato de abertura da exposição, celebrado na 6ª feira dia 22 de janeiro, às 17:30 horas goesas, pronunciei um pequeno discurso, em que destaquei especialmente que a Galiza, junto com o Norte de Portugal, é o berço da língua portuguesa, portanto, com pleno direito e razão para integrar-se na Lusofonia. Também comentei o muito que a Galiza sofrera durante séculos, depois dos Reis Católicos e a dependência de Castela, na sua cultura e idioma próprios, com alargamento à ditadura franquista, fazendo menção especial de Castelão, como o nosso vulto mais importante, mas também de Rosália, Pondal, Curros, Vilar Ponte, Biqueira, Carvalho Calero, Marinhas e Guerra da Cal, entre outros. Como é natural, falei das entidades galegas colaboradoras e a sua luita pela recuperação da língua e a integração da mesma no mundo lusófono a que pertence. Aproveitei também para entregar a todos os assistentes cópia de um meu depoimento, publicado em 2005, após a minha primeira visita a Goa, no qual identifico Goa com a Galiza, sob o título de «Goa, um recanto galego-português na Índia».
Entre os assistentes ao ato, a maioria já amigos meus, devo destacar os membros da Sociedade Lusófona de Goa Aurobindo Xavier (secretário), e sua esposa Margarida, e os membros da direção Mário Silva e o Dr. Fonseca. Também os intelectuais goeses Rafael Viegas, Percival Noronha, Álvaro Pires da Costa, Francisco da Fonseca, Alírio Costa, Ofélia de Sá e seu esposo, Jeanette e Clifton Afonso, Aurora Couto, Suresh Amonkar, o veterinário Dr. Gustavo Pinto e a que foi importante bibliotecária em Goa Mª Lourdes Bravo da Costa e seu esposo Lionel Rodrigues. Por encontrar-se em Goa nesta altura, estiveram presentes a investigadora em história, de Lisboa, Sandra Ataíde Lobo e o professor reformado da Universidade Nova de Lisboa Artur Teodoro de Matos. O diretor da nova biblioteca de Goa, Carlos M. Fernandes, esteve também presente. O qual se comprometeu a abrir uma seção na biblioteca dedicada à Lusofonia e o Mundo Lusófono, incorporando já os livros e materiais da exposição dedicada à Galiza, como primeira doação, uma vez encerrada a mesma, dando assim também um espaço à Sociedade Lusófona de Goa, que tão bem dinamiza Aurobindo Xavier, e com os seus esforços a mantém viva.

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