venres, 4 de marzo de 2016

Uma Porta para o Exterior

'Porta para o Exterior' é uma colagem audiovisual, que hesita entre uma tese de teses reintegracionistas e um brainstorming.

Um comboio a atravessar a ponte internacional sobre o Minho, um comboio que simbolicamente principia um roteiro, que recupera umas relações linguístico-culturais (e não só!) entre a Galiza e mais de 250 milhões de falantes em todo o mundo. Este é o percurso a que nos convidam Sabela Fernández e José Ramom Pichel num documentário carregado de «reintegratas», mas também com passageiros de Portugal, Brasil, Angola e Moçambique. Viajantes num comboio ou trem galego-português-brasileiro-africano onde se nos abre uma Porta para o Exterior.
Porta para o Exterior reúne gentes diversas a refletir, a cismar, sobre o presente e o futuro do idioma próprio da Galiza, um idioma que, infelizmente, muitos começam a ver, neste que foi o seu berço norte, apenas como passado.
Porta para o Exterior dá voz ao reintegracionismo, um movimento excluído há décadas da opinião maioritária televisada e publicada, um movimento plural que, apesar dos intentos de marginalização por parte do poder e da “oficialidade” e ainda apesar dos seus próprios erros, continua a crescer e consolidar-se como um referente cultural para o país. Um movimento que, lembremos, consegue, em 2014, atingir a adesão unânime do Parlamento Galego à Iniciativa Legislativa Popular “Valentim Paz Andrade”. Um movimento de sonhadores… Lusistas sim, mas não ilusos.
Porta para o Exterior é ópera prima, que reflete uma certa inexperiência técnica, superada com frescura, ritmo e espontaneidade. Colagem audiovisual, que hesita entre uma tese de teses reintegracionistas e um brainstorming. Tempestade de ideias e imagens muito variadas, onde impera o conteúdo sobre o continente. Habituados aos padrões audiovisuais pré-fabricados, que os meios de comunicação de massa e as redes sociais disseminam, Porta para o Exterior pode chocar. Mas quantas vezes o valor superestimado do continente ofusca a pobreza do conteúdo? Não é o caso. Em Porta para o Exterior prefere-se recuperar o respeito pola mensagem.
Parafraseando um dos entrevistados, neste comboio destino Lusofonia «há caos, há vida, há movimento, há sociedade, há projetos»… há esperança.


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